sempre se soube que ela era uma daquelas pessoas que desapareceria de repente. que um dia, única e simplesmente desapareceria. sem aviso
tinha muito amor a tudo, e acredito, agarraria nesse amor, acondicionado da melhor maneira, e todo o que fosse possível transportar iria com ela. o amor que tinha as coisas, é daqueles que faz partir, para deixar respirar, deixar crescer, para não contaminar.
por isso um dia, de repente, numa altura em que as coisas não estivessem especialmente mal ou bem, ela ia deixar simplesmente de comparecer, de assinar o ponto, de marcar presença.
logo pela manhã dariam pela sua falta no trabalho, greve nos transportes?problemas com o carro? gripe?
o marido ia sentir falta do telefonema, qur trocavam sempre as 13 em ponto, que durava nunca mais de 2 minutos. a manha correu assim, ou assado. o almoço vai ser no sitio tal. gosto muito de ti x 2.
como dizia não podemos afirmar que fosse profundamente infeliz.
então ao fim do dia o filho adolescente, cansado de esperar por ela em frente a escola acabaria por desistir e apanhar um autocarro mas só quando a hora do jantar e este não apareceu alguém se lembrou de dizer, sem surpresa, que sempre soube que ela era daquelas pessoas que desaparecem de repente.
"Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um pouco tarde"